No mesmo dia que o Andrew Sullivan declara que o jornalismo foi derrotado pela publicidade (na forma da “publicidade nativa”), impossível deixar passar esse comentário sobre a demissão da editora-chefe do NY Times:
Sulzberger’s frustration with Abramson was growing. She had already clashed with the company’s C.E.O., Mark Thompson, over native advertising and the perceived intrusion of the business side into the newsroom. Publicly, Thompson and Abramson denied that there was any tension between them, as Sulzberger today declared that there was no church-state—that is, business-editorial—conflict at the Times. A politician who made such implausible claims might merit a front-page story in the Times. The two men and Abramson clearly did not get along.
Portanto, me desculpem se acho que eis aí um assunto bem mais preocupante para a comunicação do que o Neymar usar o Twitter para fazer uma campanha anti-racismo.
Isso + isso = por que publicações brasileiras deveriam pensar em publicar mais coisas em inglês (ou, no mínimo, espanhol).
Pois a Amazon comprou a Comixology e, imediatamente, estragou o aplicativo. Parece ser unanimidade entre os jornalistas especializados que a razão pra isso é evitar o “imposto” sobre compras feitas dentro de aplicativos sem passar pela iTunes Store ou Google Play – afinal de contas, é a política da mesma Amazon com seu aplicativo do Kindle.
Mas a maioria das análises – como essa, da Vox – me parece deixar passar dois pontos importantes. Primeiro, acredito que o market share da Comixology foi importante em atrair a atenção da Amazon, mas não tanto por seu faturamento quanto pela quantidade de informação que isso estava deixando fora do seu alcance.
Segundo, e talvez mais importante, é o que me parece ser o clássico equívoco de americanos de esquecerem que o resto do mundo não tem o mesmo tipo de acesso a determinados produtos que eles têm:
But there have always been places a loyal comic reader could go to find the few comics Apple wouldn’t permit. What was hard to find was a browsing, buying and reading experience as intuitive as Comixology’s. It’s not as if the app doesn’t have competition — including from traditional, brick-and-mortar comic stores.
Na verdade, exceto pelo próprio Kindle e a iBookstore (que costumava ser bem fraca para quadrinhos), a única concorrência “digital” da Comixology é a pirataria, que costuma ser meio que um pé no saco pra quadrinhos. E lojas físicas, fora dos EUA (e, talvez, alguns outros países europeus), não têm nenhuma capacidade de competir quando se trata de lançamentos e quadrinhos mensais.
Afinal de contas, tá lá o Kindle vendendo rios de livros mesmo que seja necessário ir no site da Amazon pra fazer as compras, e tendo muito mais concorrência (digital ou não) do que a Comixology.
Não satisfeitos em terem algumas das legislações menos atrativas para startups em tempos de dificuldades econômicas por todo o continente europeu, a briga do governo francês com serviços como Uber agora atingiu níveis surreais de anti-inovação: vão proibi-los de usar tags por GPS, um dos maiores atrativos para os usuários, e vão repassar a tecnologia para os táxis oficiais.
In addition to the idea of bringing in a costlier registration process for Uber and friends, as well as straight-up declaring ride-sharing setups like UberPOP illegal, the report moves to abolish any kind of pick-up delay. Instead, though, it recommends the competitive balance be restored by stripping modern taxi services of GPS tags, meaning users can’t track nearby cabs within their company’s respective apps. Furthermore, the report wants to add this user-friendly feature to traditional cabs, in the hope live-tracking will encourage ride-seekers to use them.
Não sei o quanto isso é factível dentro da realidade legislativa da França, mas o fato de se discutir a sério a hipótese de roubar a tecnologia de uma empresa e entregá-la a outra em nome de um suposto equilibrio econômico já é um sinal e tanto para qualquer empresário que pense em empreender por lá, convenhamos.