Como se diz pelas redes sociais afora, essa é a “polícia do Alckmin”:
O problema é que essa era a “polícia do Arruda”:
Essa, a “do Beto Richa”:
A “do Eduardo Campos”:
E vocês podem imaginar aonde isso vai parar.
Quem me conhece sabe o quanto uma das leis brasileiras que mais me tira do sério é a “apologia ao crime”, um termo canalha obviamente cunhado com o objetivo de punir qualquer forma de opinião porventura julgada inadequada (por exemplo, marchas e manifestações pró-descriminalização de alguma droga). Em especial, quando alguém acaba preso por causa dessa lei absurda, me irrito com o inevitável discurso de “mas que absurdo, nos dias de hoje, alguém ser preso por dizer que fuma maconha” no lugar de se lutar contra a estupidez que permite essa prisão para começo de conversa.
Da mesma forma, esse tipo de discurso de “polícia do _________” me incomoda por focar a energia de tanta gente em uma discussão política mesquinha no lugar de se lutar contra o que é um problema endêmico: a violência, truculência e total falta de noção ou respeito de uma polícia militarizada, operando a partir de uma visão de “precisamos ensinar uma lição a essa gente”, herdada dos tempos da ditadura. O problema não é o Alckmin, o Aécio, o Tarso ou o Cabral (e se paulistas ainda têm alguma dúvida quanto a isso, talvez a reação do prefeito Haddad diante da recente violência em uma ação de reintegração de posse no centro de São Paulo possa deixar mais claro o quanto o problema é supra-partidário), mas sim o conceito de polícia nesse país.
Em se tratando de São Paulo, que me afeta mais diretamente, adoraria ver Geraldo Alckmin não ser reeleito, ainda que tudo indique que as chances de isso acontecer são pífias. Mas tenho certeza que fossem Skaf, Padilha ou qualquer outro sentados no Palácio dos Bandeirantes a partir do ano que vem, a polícia paulista, a “polícia do Alckmin”, continuaria agindo da mesma forma. Porque, no fim do dia, eles são apenas “a polícia”, agindo conforme seu treinamento e cultura, e não robôs seguindo ordens de um governador.