Criptofísica

Em tempos onde o Large Hadron Collider parece ser o único experimento científico no mundo, um bom texto do Ars Technica sobre um laboratório buscando registros da famosa matéria negra.

In its preliminary run in 2013, LUX took data for about 90 days. Already during that relatively short time of operation, the detector pushed the limits of what other experiments had done (…) The fact that they didn’t see anything during those 90 days isn’t a mark of failure—it’s a sign everything is working as expected.

Eu só fico torcendo pra viver tempo o suficiente pra ver todo mundo lembrar desses experimentos e dar risada sobre “matéria negra” e “energia negra” do mesmo jeito que a gente dá risada quando ouve falar do “éter” nas aulas de física do colégio.


Mantenha distância do meu futebol

Pele at Cosmos

Qualquer pessoa com um mínimo de contato com o futebol sabe que não só o jogo, mas a grande maioria de seus fãs é extremamente conservadora e refratária a qualquer mudança nas regras ou forma como ele é jogado. Sugira qualquer mudança, como disputar os pênaltis antes da prorrogação, e imediatamente surgirão gritos de “vão estragar o futebol” ou coisa semelhante.

Obviamente, desde o surgimento da International Board e, depois, da FIFA, as regras tiveram certas mudanças. A que ainda está na lembrança de quase todo mundo, creio, é a que proíbe que os jogadores de linha recuem a bola para o goleiro ou que esse passe mais do que 6 segundos segurando a mesma. Outras, como o impedimento, são tão antigas que quase ninguém consegue cogitar o jogo sem ela.

Mas pensando no quanto mudanças nas regras para adaptar um jogo à evolução tática e física de seus jogadores é algo tão usual em quase qualquer outra prática esportiva (diabos, até no xadrez se discute mudanças de regra sem necessidade de histeria), a natural resistência humana a mudanças nunca me pareceu razão suficiente para explicar o fenômeno. Lendo uma antiga matéria do NY Times sobre uma escaramuça da FIFA com a então liga profissional de futebol dos EUA (a NASL), porém, ocorreu-me uma hipótese.

The ultimatum to abandon the 35-yard line for offside and the use of three substitutions, two rules distinctly American, was issued by F.I.F.A., the governing body, to the league through the United States Soccer Federation, the nation’s governing body, about a month ago.

Isso foi em 1981. Hoje, sabemos, as três substituições são o padrão mundial determinado pela mesma FIFA e a International Board. Ou seja, parece que a regra ou suas eventuais consequências não eram algo muito absurdo. Mas o que mais me interessou foi o nível das ameaças feitas à NASL caso não se adequasse às determinações internacionais:

  • No teams from overseas could come to the United States to play N.A.S.L. teams and no teams from the league could go abroad, except to a country that is not a F.I.F.A. member, such as South Africa.
  • Players coming to N.A.S.L. teams would be forbidden to play elsewhere.
  • Players in the N.A.S.L. would not be allowed to play for a national team of their country.
  • Considerando que a FIFA é, essencialmente, um monopólio supranacional, o resultado prático disso seria fazer com que ninguém que pretendesse seguir uma carreira no futebol cogitasse jogar para a liga em questão.

    Agora, se as regras em questão não só não mudavam tanto o jogo como uma delas acabou sendo oficializada pela própria FIFA alguns anos depois (não consegui descobrir a data exata, mas acredito que foi ainda nos anos 80), qual a necessidade de aplicar tamanha força para proibir uma liga nacional de fazer tais experimentos? Ainda mais deixando de lado as mudanças mais radicais como os “shootouts” ou o sistema de pontuação?

    Tenho certeza que o basquete não é único, mas a relação FIBA/NBA vem imediatamente à cabeça. Embora tenham diminuido nos últimos anos, ainda há diferenças sensíveis entre as regras de ambas, mas ninguém cogitaria dizer que alguma delas não joga basquete. Mais que isso, nenhuma ameaça impedir que seus jogadores possam jogar em ligas com regras da outra, ou que não possam levar partidas de exibição para outros países, ou que os jogadores da NBA não possam jogar pelas seleções de seus países em competições da FIBA.

    Ou seja, mais uma vez, a defesa da pureza do esporte é obviamente balela. Pelo contrário, com o tempo o basquete das duas tem se tornado cada vez mais parecido e divertido – para a grande maioria dos fãs, pelo menos. Quem tem a ganhar com esse conservadorismo forçado a duras penas sobre o futebol? Talvez não o esporte que tantos amam, mas a corrupta e bilionária federação que tem um monopólio sobre o maior esporte do mundo a ponto de forçar países a mudar suas leis para receber a Copa do Mundo?


    o futuro do presente

    “Teraherz radar,” he said, and took the tablet back from me. “There’s more to see, and it gets better all the time. There were a couple of books it didn’t recognize at first, but someone must have hooked them into the database, because now they move. That’s the really interesting thing, the way this improves continuously—”

    Essa história de usar drones com sensores do Project Tango para escanearem ambientes em 3D me fez lembrar imediatamente dessa curta história de sci-fi do Cory Doctorow sobre um futuro que, agora, parece ainda mais próximo. Recomendo a leitura não só pela presciência, mas por ser bem escrita e, mais, um bom exemplo de como soft e hard sci-fi não precisam ser conceitos excludentes.


    da grenalização do mundo

    Um bom comentário, falando das taxas sobre uso de energia solar e outros assuntos “polêmicos”:

    But in polarized times, anything one side says or does is automatically nefarious to the other side — something to be attacked and rejected. The solar fee is just one example of what happens to a lot of important issues these days; gun control, climate change, immigration, universal health care coverage. The issue gets framed by one side or the other — the left calls for big government to support clean energy, the far right calls gun ownership a matter of individual liberty — and from then on the debate is sucked into the vortex of the Value Wars, and no matter what anyone says or does, we can only see it in that ‘whose side are you on’ context.

    Sob risco de soar meio luddita, ainda acho que Twitter e Facebook, com seus formatos que privilegiam o texto curto e a inexistência de links, têm parcela razoável de culpa na aparente preguiça generalizada das pessoas em conseguir construir um raciocínio lógico e com um mínimo de contexto. E, claro, viés de confirmação.


    Been there, done that

    Hear, hear:

    I had always chafed at the constraints and processes and internal politics of a venerable and proud place. Was I the right person for that job at that time? Clearly not, and I was happy once the ordeal was over, and grateful for the support I received from so many people. I learned that I liked to invent more than reinvent, that it is a better fit for me to create something new than to try to save something old.


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