Meu mulato inzoneiro

Esses dias, o Matt Yglesias se saiu com um tuíte tão bem-humorado quanto correto, em que dizia (em inglês) que “pessoas que dizem que empregos perdidos para a tecnologia *não podem* ser recuperados deveriam tentar comprar gasolina em New Jersey. Qualquer coisa é possível; só que talvez seja estúpido”.

Conversando sobre o assunto com o Cisco, ocorreu-me que era estranho não existir *um* posto sequer com auto-atendimento, no Brasil, por mais que esse tipo de mão de obra não seja proibitivamente cara por aqui—ainda mais porque me lembrava de isso existir quando era criança. Conhecendo nosso impávido colosso, postulei que deveria haver alguma lei, provavelmente surgida a partir da pressão de sindicatos, que ou proibia tal prática diretamente, ou a tornava de alguma forma impraticável.

Como imaginei que aconteceria, ele fez breve pesquisa sobre o assunto e eu estava mais certo do que jamais poderia imaginar:

Isso mesmo: em 2000, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei nº 9.956, de autoria do deputado Aldo Rebelo, hoje Ministro da Ciência, Comunicação e Tecnologia. A lei proíbe o funcionamento de bombas de auto-serviço em todo território nacional e aplica multas – e até fechamento do posto – caso seja descumprida.

Não só a lei existe, como ela é de autoria do Aldo Rebelo! Difícil imaginar mais perfeito retrato de nosso Brasil varonil.

Em subsequente pesquisa, descobri que desde 2014 tramita um projeto de lei pelo Congresso, com o objetivo de revogar tal pérola de nosso ex-Ministro da Tecnologia. Obviamente, o sindicato da categoria é contra e apela para a gritaria sempre que há alguma novidade quanto ao assunto. Quem sabe quando a maior parte de nossa frota for de carros elétricos e autônomos, o PL possa ser aprovado.

posted: 16 September 6
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